segunda-feira, 20 de abril de 2009

Nada É Tão Simples (12) Fim da Primeira Parte

Depois de ler o recado ele sentiu duas coisas diferentes, decepção por pensar que se trataria de uma carta mais bem elaborada, dizendo os motivos pelo qual ela tinha feito aquilo com ele, e sentiu também felicidade por ela ter voltado atrás e o tirado daquela enrascada enorme, e ainda por cima agora ele tinha uma coisa concreta, o nome dela: Melissa.

Bem que ele queria que tivesse um número de telefone, um endereço marcando um encontro, mas nada na vida é fácil, e o que vem fácil, vai embora mais fácil ainda, e analisando pelos fatos que ocorreram com ele, se fosse acontecer alguma coisa, seria um sentimento intenso demais, um sentimento que ele nunca havia presenciado.
Ficou fazendo planos de como ele conseguiria chegar naquela mulher, de como ele iria encontrar e jogar limpo com ela, e entender o que ele estava sentindo de uma vez por todas.

Mas não era hora de ficar tentando descobrir o futuro, era hora de dormir um sono tranquilo, sem medo de que nada de ruim fosse acontecer, apenas fechar os olhos e se deixar levar pelos pensamentos, quem sabe ele não encontrava com ela em sonho.
Ficou ali pensando nas coisas que aconteceram e rapidamente pegou num sono profundo, daqueles pesados mesmo.
O seu cansaço físico e mental era tanto, que ele não sonhou com absolutamente nada.

Acordou com o telefone tocando e no susto atendeu, era um de seus poucos amigos o chamando pra sair, pra comemorar a volta dele, e ele achou que seria uma ótima idéia pra começar uma vida nova, uma vida sem medos, sem antipatias, uma vida pra ele se tornar outra pessoa, vestir um outro personagem.
Ser aquele cara indispensável pra qualquer pessoa, uma pessoa muito mais sociável do que ele jamais sonhara em ser, e aquele momento era perfeito pra isso.
Aceitou na mesma hora o convite.

Se levantou e foi fazer a barba, olhou na carteira e estava quase sem nada, pegou seu cartão do banco que ele guardava sempre na gaveta do quarto, e colocou dentro da carteira, pra depois ir em um caixa eletrônico e sacar dinheiro, ele sentia que naquela noite alguma coisa boa demais estava pronta pra acontecer.
Se arrumou e colocou seu melhor perfume, quando chegou na rua já estava bem escuro, já eram quase dez da noite daquele sábado, estava um clima frio, misterioso, com cheiro de noite.
Foi na casa de seu amigo pra eles irem de carro até à boate.

Passaram na casa de algumas amigas pra todos irem juntos, e como não poderia deixar de ser, aquela curiosidade mórbida que quase todas as mulheres tem de saber do que aconteceu, perguntaram a ele como tinha acontecido tudo.
Ele deu uma resumida e ficou olhando a reação das meninas pelo espelho do centro do carro, olhando nos olhos de cada uma delas todas as vezes.
Ele sabia que nessa sua nova fase ele seria o caçador, e não a caça, então ele tinha que mostrar quem ele era, através do seu olhar e do seu jeito de se relacionar com as pessoas.

Chegaram na boate e foram entrando sem passar pela enorme fila que estava formada, regalias que seu amigo tinha por ter uma amizade muito grande com todos os seguranças de lá, pois quase todas as noites ele aparecia por lá, e fazia questão de deixar algumas bebidas pagas para eles depois que a
boate era fechada, e eles sabiam reconhecer que ele era um cara realmente gente boa.
Chegaram até a mesa da boate e se sentaram num primeiro momento, apenas pra começar a esquentar, todos tomaram uma dose de Vodca, e depois mais uma dose de Tequila, e nessa hora ele começou realmente a se sentir vivo, estava sendo pleno e feliz durante aqueles minutos, e ele que achava uma perda de tempo sair a lugares como aqueles.

Altas horas da madrugada, e todos já estavam quase cansados de tanto dançar, na pista de dança ele viu que podia exorcizar todos os seus demônios, jogar pra fora toda a sua raiva acumulada durante aqueles dias, aqueles anos em que ele viveu somente no seu casulo.
Ele se sentia completo e realizado, e decidiu que aquilo sim que era saber viver, durante algumas horas esquecer de tudo e de todos, e se envolver naquele clima quase que sexual que as boates ofereciam.
Ele viu então que tinha uma menina muito bonita chegando pra perto dele, era loira e estava usando um vestido preto.
Se fosse com o antigo homem que ele era, ele nem sequer estaria ali na boate, e viu que ele podia ser quem ele quisesse, pois a sua essência jamais mudaria por causa de algumas noites sem dormir.
Chegou perto da menina, e sem muita cerimônia a beijou, ela correspondeu com a mesma intensidade, e seu amigo começou a gritar do lado deles, sabendo que ele não era daquilo e disse:
“Ah cara!!! Você tinha que ser atropelado antes porra!!!”
E saiu rindo.

Eles depois de algum tempo se beijando foram pra mesa tomar alguma coisa pra manterem o pique, e descançar um pouco, pois ninguém é de ferro.
Passou do lado deles uma menina muito bonita, dando Flyers do que parecia ser uma casa noturna do mesmo dono, ela usava um corpete vermelho, saia preta bem curta e uma meia arrastão.
Realmente era uma mulher maravilhosa, ele aceitou o papel e foi olhá-lo, a menina loira estava sentada no seu colo e estava beijando seu pescoço, ele disse que daquele jeito ele não conseguia se concentrar em nada,e num instinto de não querer jogar nada fora, colocou o papel do jeito que deu no bolso.
Não ia deixar a sua parceira esperando.

Eles foram pra casa dele, e ele aprendeu ali a fazer sexo apenas por fazer, sexo apenas pro seu prazer momentâneo, duas pessoas que se amam, mas que se amam só durante aquelas horas, e depois fingem que não se conhecem.
Ele aprendeu aquilo, e viu que poderia muito bem conviver com essa situação sem sentir nenhum pingo de remorso ou arrependimento.
Ele acordou pela manhã e foi ao banheiro, onde achou a sua calça jogada no meio do corredor, achou graça da situação, e pegou a calça pra jogar em cima do sofá, o flyer caiu do bolso.
Ele pegou pra ler, era um daqueles de duas faces, primeiro leu a parte da frente, se tratava de uma boate com mulheres que faziam lap dancing, aquelas danças sensuais num poste.
Já era bem conhecida, ele mesmo tinha ouvido falar dela, mas nunca quis ir até lá, virou a página e tinha a foto das meninas que se apresentavam por lá, ficou olhando sem se apressar muito, e tentou ver se achava a menina que tinha entregue os flyers, e a achou.
Continuou olhando mais pra ver se achava mais alguma menina interessante, e realmente achou, achou Melissa no meio de todas elas...

Um comentário:

  1. apesar de tudo ñ da pra deixar de diser o quanto ta ficando bom....espero ler o proximo,estou curiosa....Obb:repensa..

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