sábado, 11 de abril de 2009

O Olhar Apaixonado (3)

...Durante segundos intermináveis, que pareciam se arrastar durante séculos, eles ficaram ali um olhando pro outro.
Nem em seus sonhos mais lindos, nem mesmo aquela mulher idealizada que cada homem tem em sua mente, chegaria perto daquela beleza estonteante que fazia ele gelar por completo.
Nem que sua vida dependesse de sussurrar algumas palavras desconexas, ele morreria naquele momento, pois aquele rosto branco, as sobrancelhas perfeitas que pareciam que nunca precisavam de ajustes, o rosto de traços angelicais, e os olhos inchados e cheios de lágrimas, o fizeram paralizar.

Mesmo com o rosto manchado pelo lápis que escorria dos seus olhos castanhos, ela mais parecia uma daquelas estátuas bem talhadas, daquelas que você fica admirando durante alguns minutos, tentando sentir de onde seu escultor tirou tanta inspiração para faze-la.
Ele não pode deixar de perceber seus lábios brancos, mas ele concluiu que devia ser por causa do frio intenso que estava fazendo.
E ele se sentia com cada vez mais raiva de si mesmo, por não ter coragem suficiente para lhe oferecer o seu casaco, além de um jesto de boa-vontade, ele mostraria que era um perfeito cavalheiro e que se importava com ela.

Mas ele estava ocupado demais olhando aquela mulher linda, agora sim ele tinha certeza de que não haveria outro adjetivo, senão esse: Linda.
Uma beleza daquelas que ele tinha tentado decifrar somente pelo perfume dela, pelo cabelo, pelo jeito de sentar, e ele tinha medo de se decepcionar, de ela não confirmar as suas expectativas.
Desde um tempo atrás, na verdade algumas semanas, ele aprendera a não dar muita asa pra sua imaginação, mas aquela mulher havia lhe passado todas as melhores previsões possíveis, o rosto dela estava em perfeita simetria com tudo que ele podia tentar em sonhar com uma mulher perfeita.

Eis que no meio daquele momento de contemplação do rosto de sua misteriosa linda, que estava ali, tão perto dele, mas ao mesmo tão longe, separados pela barreira da indiferença e do medo, o telefone celular dela toca.
Ela leva um susto e os dois voltam à vida real, chuva forte,relâmpagos,raios por todos os lugares caindo por cima dos prédios, um caos daqueles de perder a direção.
Pega o celular, é uma mensagem, ela lê com cuidado chegando o celular pra bem perto do rosto, seu semblante de triste muda pra uma cara de desespero, ela se levanta do banco e joga o celular longe, com um ódio tão grande que fez ele chegar até o outro lado da rua, ele fica sem entender nada.
E num movimento de desespero, ela dá um grito ensurdecedor como se fosse questionando Deus querendo saber o motivo do seu sofrimento, e sai correndo cambaleante e sem destino pela tempestade forte...

2 comentários:

  1. nunca vi tanto talendo em uma pessoa só...quanto mais eu leio mas vontade tenho de continuar a ler... perfeito lipe!

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  2. primo continue assim..a História ta maneiraaa Bjs

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