domingo, 12 de abril de 2009

Perdendo A Grande Chance De Sua Vida (4)

Ainda espantado com aquela situação que se desdobrara tão abruptamente na sua frente, ele por instinto
materialista, correu atrás de pegar o celular dela do chão, pois seria uma oportunidade de poder
entregar o objeto depois.
Mas quando ele chegou a pegar o celular do chão completamente molhado, que foi perceber a besteira
que tinha cometido, seria muito mais humano da parte dele ir atrás dela e e interferir naquela situação
que ela se encontrava.
Mas já era tarde demais, aquela mulher desesperada e sozinha já tinha desaparecido no meio do temporal
naquela cidade enorme e cheia de perigos.

Ficou pensando o quanto ele foi burro e egoísta de não ter pensado nela primeiro, e sim na merda do
celular, sentiu uma raiva tão intensa que sentiu vontade de quebrar o celular de vez, fazê-lo em pedaços
de sucata.
Mas aquela voz que ele sempre tinha em sua mente, lhe dizia pra guardar o celular, naquela chuva toda
não tinha como saber se tinha estragado de vez, e então ele pensou com a voz da razão e colocou-o
dentro de sua mochila, mais tarde quem sabe ele não podia achar alguma pista daquela moça misteriosa
naquele bendito celular.

Ficou pensando nas ironias da vida, a uns segundos atrás ela estava do lado dele, eles estavam se olhando, foi só o celular tocar pra ela ler a mensagem e sair correndo insanamente pela chuva.
Era a oportunidade perfeita que ele tinha de mostrar que era um homem protetor, e atencioso.
Quem sabe uma chegada triunfal por trás dela, a segurando, levando-a para algum canto e faze-la olhar nos olhos dele, bem de perto, mostrar que ele sabia se comunicar apenas com um olhar.
E depois disso ele à levaria para um lugar mais calmo, eles conversariam, ele iria dizer palavras de conforto, ou então iria somente ficar olhando pra ela, contemplando a paz que só o silêncio pode trazer a uma alma perturbada como a dela.

Mais uma vez um raio o fez acordar daqueles devaneios, ele então olhou para o relógio, estava muito atrasado para o trabalho e ficou pensando em que desculpas daria para justificar seu atraso.
Ou então pensou em mesmo não ir trabalhar e ficar em casa pensando nela, vasculhando o celular dela atrás de informações sobre sua vida.
Mas não seria preciso dar desculpas, pois ele esquecera que estava no meio da rua, e como os segundos naquele dia estavam demorando eternidades, ele pensou que estava seguro na calçada, ledo engano.
Quando ele olha pro lado ele vê uma luz forte, vindo em sua direção, será que era um anjo?
Não era mesmo um anjo, era o seu ônibus que freiava e piscava os faróis em vão, pois a pista escorregadia não deixava aquele monstro enorme parar, ele fechou os olhos e a última coisa que lhe veio na mente, foi o rosto dela, aquele lindo e inesquecível rosto, foi acertado em cheio pelo ônibus e foi arremessado pra longe...

Acordou um tempo depois, não sabia onde estava, só ouviu uma voz masculina lhe falando ao longe:
"Que sorte você teve rapaz, ficou entre a vida e a morte! Como não achamos seus documentos nas suas coisas, preciso que me diga seu nome para colocar no prontuário. Qual seu nome meu filho?"
E ele sem saber o que aconteceu, responde:
"Não me lembro"...

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