segunda-feira, 18 de maio de 2009

Mais Dúvidas (33)

Enquanto estava no ônibus ficou pensando em Melissa, e em como ela era maravilhosa.
Como se já não bastasse ser linda e ter feito Filipe se apaixonar mais uma vez, tinha nela um ar de ser uma pessoa impossível de se conquistar, e aquilo sempre foi uma das coisas que faziam ele achar uma mulher interessante, não gostava de nada que fosse fácil.
Desceu no ponto da casa de Lary, e parecia que podia sentir e tocar a felicidade que vinha lá de dentro, não tinha como estar mais feliz naquela manhã de Domingo, e uma visita àquelas meninas maravilhosas ia fazer aumentar mais ainda esse sentimento.

Chegou no interfone e apertou o botão, esperou um pouco e atenderam, não deu pra distinguir a voz pois o som de campainhas sempre são ruins, e aquela não seria diferente.
Muitos chiados e risadas ao fundo mais uma vez, elas não paravam nunca, pareciam sempre ligadas o dia inteiro, e tinham uma disposição enorme, estavam acordadas desde Sábado e ainda mantinham um pique de quem tivesse na metade do dia.
Elas mereciam, trabalhavam muito durante a semana, e o único dia em que podiam se divertir daquele jeito, sem medo de ter que acordar cedo no dia seguinte era no Domingo.

Gritaram do outro lado da linha:
--ALOOOO, QUEM É?
--É O FILIPE, LIGUEI AINDA AGORA PRA LARY
--A LARY TÁ COM DOR DE BARRIGA E NÃO PODE ATENDER
Ele riu demais daquilo, era típico delas brincarem umas com as outras, percebeu que tentaram tomar o interfone da pessoa que estava falando, barulhos enormes e confusos podiam ser ouvidos por ele, ai ouviu:
--Me dá isso aqui!
--Toma sua chataaa!
--Oláááá, Filipe?
--Quem mais poderia ser a essa hora da manhã?
--Aquele pessoal que vende livros.
--Vai demorar mais quantas horas pra deixar eu entrar?
--Já vou ai...

Lary abriu a porta e veio descendo as pequenas escadas de sua casa, ladeadas por um jardim muito bem cuidado e verde.
Percebeu que nunca havia reparado nela muito bem, e que naquele dia pôde perceber como ela não havia mudado muita coisa dos tempos em que tinha apenas 13 anos, e já o surpreendia com a sua compreensão da vida, e principalmente por conversar com ele e nem perceber que estava falando com uma pré-adolescente.
Sempre dizia à ela que conhecia muitas pessoas de seus vinte e poucos anos, que seriam classificadas por ele como “portas” se comparadas com o intelecto dela.
Ela continuava com o mesmo rosto, os mesmo olhos expressivos e lindos que herdou de seu pai e sua mãe, tornando-se assim, muito mais bonita e delicada do que ele podia imaginar nos tempos passados.

Ela abriu o portão e Filipe lhe disse que tinha várias coisas pra contar até que pudesse explicar realmente o que queria, e Lary disse que não haveria problema, pois estava de bobeira e sempre estava disposta a ajudar os amigos.
Entraram na casa e as outras três meninas estavam assistindo a um seriado já antigo, mas que sempre reviam, pois as fazia lembrar da época em que não tinham tantas responsabilidades e questionamentos da vida adulta, naquele momento só delas, se sentiam crianças de novo, e no fundo, se sentiam assim sempre, pois tinham uma alma pura como de uma criança.

--Olá princesas!
Disse Filipe de modo carinhoso para elas, que nem prestaram atenção direito, estavam muito concentradas na tv, Lary nem precisava falar nada pra explicar o motivo de não responderem,ele sabia que eram desligadas demais pra perceber que tinha falado com elas.
Foram até o quarto dela pra poderem conversar mais sossegados, ele disse a Lary pra deitar na cama que a história era longa demais, enquanto ele ficou sentado na cadeira do pc de balançando de um lado para o outro, uma mania antiga que tinha.
Depois de explicar quase a metade da história, ela se levantou para pegar uma bebida para eles, já que percebeu que a história era muito longa mesmo.
Quando finalmente terminou, ela estava com os olhinhos arregalados de surpresa, e disse:
--E se o nome verdadeiro dela não for Melissa?
Aquilo foi como um soco nas esperanças dele, mas teve que admitir que fazia muito sentido, Lary era muito mais esperta que ele nesses assuntos, além de ter aquele faro de jornalista aguçado.
Mas não poderia desistir assim, estava muito perto de ter um relacionamento mais sério com Melissa, e se não pudesse descobrir as coisas com a ajuda de Lary, teria que descobrir aos poucos e lentamente...

domingo, 17 de maio de 2009

NILA (32)

Depois daquela afirmação de Filipe, Melissa deu o número do telefone celular dela.
Não queriam mais perder contato, combinaram de irem se conhecendo aos poucos, e assim tentando construir uma história juntos.
Eles foram caminhando de mãos dadas até um ponto de ônibus, pois já era quase de manhã e já estavam circulando.
Chegaram no ponto e começaram a rir juntos, grande ironia do destino eles estarem mais uma vez assim, só que agora estavam juntos e momentaneamente felizes, apesar de o dia de Domingo que começava a clarear fosse frio e chuvoso como daquele dia.

Filipe se ofereceu para levá-la em casa de táxi, mas como ele fez aquilo também querendo testar Melissa, pois sabia que não confiaria assim em mostrar onde morava,e a resposta foi a que ele tinha imaginado mesmo, um sonoro não dela.
Se beijaram enquanto esperavam o ônibus, depois o dela chegou primeiro, e ele disse:
--Agora você não escapa mais de mim!
Melissa apenas sorriu e subiu as escadas, de dentro mandou um beijo e soprou com a mão aberta.
Ele se sentiu feliz demais com aquele gesto, e percebeu que eles iam se dar bem.

Ficou esperando seu ônibus, mas enquanto estava ali lembrou de uma coisa que podia tentar pra desvendar um pouco mais de Melissa, mesmo sem ela saber, era amigo de uma jornalista que tinha muitos bons contatos, o nome dela é Laryssa, mas sempre a chamava de Lary, que coincidentemente era a prima de Jessy, e tinha uma irmã chamada Leryanne, as chamava de:”As meninas super poderosas do Y”.

Foi até um orelhão e nem se ligou em que horas eram, só foi se dar conta quando o telefone começou a chamar, eram quase 6 horas da manhã de Domingo, e ele já esperava levar um esporro enorme por aquilo.
Foi quando atenderam o telefone, estava uma confusão de vozes e gargalhadas, mas a voz do outro lado era inigualável, era Lary que tinha atendido o telefone, e disse assim:
--Quem quer me encher o saco a essa hora da manhã?
Gargalhadas mais altas ainda foram ouvidas por ele, logo presumiu o que acontecia:
--Menina, esse NILA deve dar um trabalho pros vizinhos né?
E riu também. Lary sabia que poucas pessoas podiam ligar pra ela naquela hora da manhã, e disse:
--Gente, peraí, é nosso primeiro fã de carteirinha desde a época do colégio!
As meninas disseram juntas, como sempre faziam:
--FILIPEEEEEEEEEEEEE!
Ele gargalhou alto no orelhão, assustando o jornaleiro que ficava ali perto, provavelmente pensando que se tratava de mais um bêbado.
--Fala Lary, preciso de um favorzinho seu...
--Fala coração.
--Posso dar uma chegadinha nessa reunião feliz?
--Posso pensar?.....CLARO!!!
--Tô indo praí então meu anjo, quero tomar café hein!
--Mas é mesmo muito folgado, me liga a essa hora e ainda quer filar meu cafezinho? Mas você sabe que pode né?
--Beijos menina.

E assim pegou um ônibus até o “Quartel General” do NILA, que era um grupo de 4 amigas de colégio, e que mantinham uma amizade verdadeira e sincera, se davam melhor do que se fossem irmãs, Nathy, Isah, Lary e Anne. O quarteto fantástico que fazia ele ainda acreditar numa amizade verdadeira de anos, e assim ser menos desacreditado no amor pelo outro.
Mal sabia que depois de algum tempo, Lary não chegaria até ele com notícias muito boas, mas ele precisava correr o risco...

sábado, 16 de maio de 2009

Faltando Peças (31)

Melissa mesmo sentindo todas as coisas ruins que a tornaram daquele jeito, não pôde ser tão fria a ponto de ignorar que Filipe disse aquela frase com todo seu coração, e começou a sonhar assim com um caso de felicidade entre os dois.
Mas justamente por estar gostando de verdade dele, estava achando melhor se afastar de uma vez por todas, quem sabe se mudar dali e nunca mais dar notícias.
Era o que estava querendo fazer, era o que seu lado racional estava disposto a fazer e esse lado sempre ganhava nas batalhas contra os seus desejos, mas não ali, não naquela hora, não com ele!
Começou a se sentir estranha pois nunca havia pensado que um dia isso fosse acontecer, que fosse se apaixonar por uma pessoa, que fosse querer desejar uma pessoa tanto quanto ela o desejava.

Nessa primeira confusão de sentimentos e pensamentos, ela disse:
--Pode não parecer, mas eu tenho sentimentos e isso que você me disse mexeu muito comigo.
--Eu não te acho um monstro, alguma vez agi como se você fosse um?
--Nunca, você sempre se mostrou um anjo nas vezes que tentou me explicar as coisas, e eu sou muito grata por isso.
--Eu não quero a sua gratidão, eu quero uma chance.
--Chance pra que?
--Uma chance de te mostrar que o mundo não é tão feio quanto você pinta na sua imaginação.
Ela deu uma risada estranha, quase como se fosse uma gargalhada contida, e ele continuou:

--Do que você tá achando graça? Admite que a vida pode ser mais alegre e feliz?
--Não, tô rindo do seu otimismo.
--Percebi que você é um bichinho de sete cabeças mesmo, mas sabe de uma coisa interessante sobre mim?
--Além de você ser bom com as palavras? E tenho que admitir, seu beijo é o melhor de todos, mas isso não basta pra entender a minha vida...
--Isso que eu ia te falar, eu adoro um desafio, adoro mulheres misteriosas e complexas, e você é um quebra-cabeças que minha criança quer resolver, nem que leve a vida toda.
--O problema maior de quebra-cabeças, é que na maioria das vezes, os mais difíceis de serem montados, aqueles com muitas peças minúsculas, você vai montando, montando, gasta várias horas do seu dia, e até dias, e quando está quase tudo solucionado, você percebe que tem peças faltando,
você não se sentiria desapontado com isso?

Depois que Melissa terminou de falar, Filipe quase fica sem saber o que responder, logo ele que tinha sempre resposta pra tudo, mas aquilo ali não se tratava de uma brincadeira de colegial, eram duas vidas em jogo, duas almas que estavam querendo se unir, mas alguma coisa ainda as repelia.
Então ele respondeu:
--As pessoas comuns sim se sentiriam desapontadas, e com certeza destruiriam todo progresso já feito, mas não eu, não mesmo.
--E o que o “senhor seguro de si” faria?
--Quer mesmo saber a resposta? A “senhora problema” tá preparada pra ouvir?
--Manda lá sabichão.
Disse aquilo já em tom de brincadeira e dando um empurrão na barriga dele, ela estava sorrindo, e Filipe percebeu que era hora de surpreendê-la. Então disse:
--Vou até o inferno atrás das peças, e se eu não achar, a gente inventa uma, e escreve uma nova vida juntos...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O Medo (30)

Aquele beijo destruiu completamente todas as expectativas que ele havia sonhado, foi muito mais especial do que poderia imaginar, num lugar não muito comum, naquela hora e com aquele tempo frio e chuvoso.
Com todas as adversidades daquele momento, não podia deixar de sentir o amor que já existia entre os dois, sua alma estava tranquila e finalmente sentiu que se morresse ali, teria concluído com êxito uma das missões mais difíceis de sua vida, beijar aquela mulher como sempre quis.
O beijo dela era diferente de tudo que ele já tinha experimentado, sua boca era quente e sua língua se movia bem devagar, como se estivesse fazendo carinho uma na outra.
Enquanto seus corpos se procuravam, Filipe passava a mão direita na nuca de Melissa, fazendo movimentos de massagem, ela ficava cada vez mais relaxada e sua respiração era um misto de ofegante, com uma coisa calma, quase um suspiro.

Terminaram de se beijar e deram um sorriso de satisfação, sentiam a mesma coisa um pelo outro o que os tornavam iguais nesse aspecto.
Melissa pode ter tempo de mais uma vez se preocupar com o corte em seu braço, e dizer novamente que tudo era por culpa dela.
Filipe disse que tudo aquilo tinha que acontecer, pois havia aprendido que se uma coisa chega até ele facilmente demais, e rápido demais, ela se vai com mais rapidez e intensidade do que chegou, fazendo assim com que se arrebente todos os sentimentos bons que tinha sentido.
Todas as coisas que aconteceram foram perigosas, frustrantes, trágicas e tristes até aquele momento, e então depois de explicar o seu ponto de vista, ele pergunta à ela:
--Quando é que a felicidade e a paz entram nisso tudo?

Depois dessa pergunta, o sorriso e o rosto alegre de Melissa desapareceram, assim como ela sempre fazia fugindo dele.
Jamais imaginaria que uma simples pergunta fosse mudar completamente o clima entre os dois, já prevendo o pior, abraçou-a e pediu desculpas carinhosamente, assim ela não poderia sair correndo dele como sempre fazia.
Então ela disse ainda sobre a proteção de seu abraço:
--Parece que a felicidade e a paz nunca estão no mesmo lugar que eu...

Ela disse aquilo de uma tal forma que Filipe ficou estático, pensando na besteira que fez em fazer aquela pergunta, mas achou melhor que ela abrisse o jogo com ele logo, e dava pra perceber que mais uma vez estava se metendo em encrenca, uma encrenca das grandes, mas prometeu a si mesmo que iria até o final.
Não importava mais o que poderia acontecer com ele, àquela altura do campeonato estava disposto de corpo e alma a dar a vida se fosse preciso para ser feliz com ela, e de uma vez por todas fazer com que Melissa tivesse um pouco de felicidade.

Melissa então foi se soltando dos braços dele e falou:
--Você não merece uma pessoa como eu, sou problemática demais.
--Tarde demais pra você me dizer isso, mesmo sem te ter direito, não consigo me ver sem você.
--Comece a enxergar um futuro sem mim, desde sempre foi assim, alguns dias atrás você nem sabia meu nome, e eu sempre faço besteira mesmo, não deveria ter te deixado bilhete nenhum.
--Mas mesmo sem deixar bilhete nenhum você já tinha deixado seu recado num lugar difícil de se chegar...
--Tenho medo da resposta, mas vou perguntar, onde?
Ele pegou a mão esquerda de Melissa e levou até a direção do seu coração, depois foi subindo até chegar na sua cabeça e disse:
--No meu corpo e no meu espírito, desde que te vi muitas coisas mudaram em mim,e não vou deixar você escapar de mim, nunca mais.
--Mas eu não sinto a mesma coisa que você, aceite isso!

Ela disse isso tentando fingir o que sentia,e Filipe disse:
--Esqueça todas essas dores que você sente e aprendeu a esconder tão bem, comigo vai ser diferente, além do mais, ninguém consegue mentir pra mim, vejo a verdade nos olhos das pessoas.
--Você é realmente especial demais, não quero te machucar, sei que vou te magoar mesmo sem querer, isso sempre me persegue, nunca consigo ser plenamente feliz.
--O que você quer que eu faça? Que te apague da minha memória? Já perdi a memória uma vez, e não vou perder de novo!
--Eu não sei se você está sendo sincero comigo!
Gritou Melissa finalmente mostrando seu maior medo, de que ele estivesse a enganando.
Filipe a puxou do banco pra ficarem de pé, e assim, a fez olhar bem dentro de seus olhos e falou:
--Se você pudesse ver além de meus olhos, e enxergar o que está escrito na minha alma, sabe o que você leria escrito em letras garrafais?
Melissa fez sinal de que não sabia o que era,e Filipe com lágrimas nos olhos responde:
--TE QUERO!!!

O que vem fácil, vai fácil...(29)

Aquela voz o fez sentir novamente a alegria que tinha perdido na sua busca por Melissa, foi se levantando devagar como que estivesse em câmera lenta, queria aproveitar aquele momento por mais tempo que conseguisse prolongar.
Começou a sentir o perfume dela, percebeu que Melissa estava chorando e dando pequenos soluços bem ali atrás dele, se virou e a encontrou toda encharcada, com a maquiagem leve totalmente borrada, os cabelos molhados jogados pela frente de seu rosto triste e totalmente arrasado.
Quando ela viu que Filipe tinha um corte em seu braço, ficou muito triste e se sentiu culpada por aquilo ter acontecido, pois achava que tinha se machucado quando caiu em cima dos cacos de vidro dos copos que caíram da mesa.

Ele a pegou pelo braço e foram andando até um banco que tinha perto dali, estava totalmente sujo de sangue e da lama do chão, mas ela não se importava com aquilo, sabia que tinha feito aquilo tudo apenas para achá-la, e ninguém nunca tinha feito isso antes, se arriscar à uma caçada de madrugada pra ter um encontro.
Fez Melissa se sentar primeiro e antes passou a mão no banco, pra poder tirar as folhas molhadas que estavam nele, sentou-se logo depois ao lado dela.
Não queria dar chance pro azar e foi logo falando:
--Olha, eu não te conheço nem um pouco, a não ser saber seu nome, e que você fez uma coisa contra mim do qual se arrependeu sinceramente, sou grato por você ter me salvo naquele dia, tantas coisas aconteceram depois que eu nem consigo saber por onde começar.
Melissa pegou um pequeno lenço rosa que tirou de dentro de sua calça, e foi enrolando no corte de seu braço pra poder fechar e não deixar exposto ao tempo.
Filipe sentiu uma sensação de alívio muito grande com aquilo, além de estar sendo cuidado com muito carinho por ela, percebia que era feita de carne e osso, de sentimentos, e que não se tratava de uma qualquer que dança em boates, pensou em perguntar-lhe várias coisas, mas não conseguia elaborar uma questão sequer.

Finalmente ela falou:
--Te peço mais uma vez perdão por tudo que lhe fiz passar, não era a minha intenção, mas eu estava passando por um momento muito difícil e a minha única saída foi aquela, e como nunca tinha feito aquilo, apesar de todo mundo já me julgar antes de me conhecer, não tive coragem pra deixar eles te machucarem.
Ela parou de falar de repente e olhou pro chão, pegou uma das folhas e ficou arrancando pedacinhos dela, como se fosse uma criança se distraindo.
--Não foi somente por eu nunca ter feito aquilo que fiquei arrependida, senti em você uma pureza que não sentia em ninguém, aquela hora em que joguei o celular longe era pra você ter ido atrás de mim, pois eu não estava sendo vigiada,e ia te explicar o motivo de estar ali.
Tudo que tinha acontecido naquele dia estava começando a fazer sentido, conforme Melissa falava, as nuvens negras da dúvida se dissipavam cada vez mais.
--Eu estava chorando de desespero, eu não tinha outra saída.

Depois que terminou de falar tudo para ele, houve um pequeno silêncio de ambas as partes.
Então ela continuou:
--Quando te vi naquela festa com outra menina dormindo no seu colo, meu mundo tinha desabado, pois eu nunca havia sentido nada assim por alguém, ainda mais por uma pessoa desconhecida.
--Somos dois então menina.
--E eu não quero atrapalhar o relacionamento de ninguém, não quero destruir o que vocês tem, não nasci pra isso, só fico com muita raiva de sempre me apaixonar pela pessoa errada, e mais uma vez isso acontece.
Filipe então a puxou e a beijou com muito desejo, os segundos viraram horas, e seus sentidos pareciam estar adormecidos, seus corpos entraram em profundo torpor.
Aconteceu o tão esperado beijo, e foi apenas o início de uma jornada rumo ao desconhecido, cheio de incerteza, alegria, tristeza, surpresas e choros, tudo que é fácil vai embora fácil...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Desespero (28)

Parecia brincadeira, uma grande ironia do destino, de novamente estar chovendo como na primeira vez em que se viram, mas desta vez o vínculo que já havia entre eles, fez Filipe esquecer de tudo que seria racional naquele momento, ir até um hospital pra poder parar aquele sangramento que não o incomodava nem um pouco, a não ser pelo fato de sentir seu sangue quente se misturando com a chuva fria em seu braço.
Não se comparava à tempestade do primeiro dia, mas por já ser de madrugada e fazer frio, aquela chuvinha estava piorando a situação daquela noite que era pra ser a melhor de todas.
Eram poucas nuvens e não demoraria muito para acabar, estava estranho demais, dava pra ver a Lua por entre elas e ajudava assim, a aumentar a sua coragem.

Foi caminhando com os olhos vidrados, com a concentração e adrenalina explodindo.
Viu um casal parado debaixo de uma marquise de um bar que já estava fechado, foi se aproximando até eles e percebeu que a menina foi para trás do namorado, num gesto de medo, Filipe quase se esquece que ele era um louco andando na chuva e com um corte no braço, mas não havia tempo para explicações.
Deu a descrição de Melissa para o rapaz, que o indicou o caminho apenas com o dedo indicador sem dizer nada.
--Obrigado, desculpa assustar.
Saiu correndo em direção ao local, mas não sabia exatamente onde ela poderia estar, a única coisa que tinha que fazer era confiar na sua intuição, e pedir um pouquinho da ajuda dos céus.

Ouviu um carro se aproximando rapidamente dele, eram as meninas que estavam preocupadas com o que tinha acontecido, Jessy saiu e mandou parar:
--Você tá maluco? Já não acha que foi longe demais nessa história? Olha pra você.
E apontou pro seu braço que não parava de sangrar, enquanto isso Pri saia do carro aflita pra ver a gravidade do corte, olhava seu braço sem Filipe nem sentir, ele estava anestesiado por tudo, pela situação, pela chuva e pela frustração.
No que ele voltou a si e respondeu:
--Desculpa, mas eu já fui longe demais mesmo. Por isso não vou desistir assim. Volta pro carro e me deixa fazer a minha loucura, essa mulher me trouxe vida, ela me ensinou a viver sem ter medo, e eu não tenho medo de mais nada, só de nunca mais encontrá-la.

Jessy sabia que não adiantava tentar fazer ele voltar atrás, entraram no carro e foram indo em frente, Pri ficou preocupada em tê-lo deixado sozinho,mas confiava no que Filipe fazia, era uma das pessoas mais corretas e sensatas que já tinha conhecido.
Sabia que se viraria bem, e chegaria em casa sem mais confusões, mas tudo que tinha acontecido com ele por causa de Melissa, ela começava a sentir raiva, uma raiva misturada com ciúmes.
Não se conformava por ele ir atrás de uma mulher que sequer o tenha beijado, coisa que ela já tinha feito várias vezes, quase se deixa cair em tristeza, mas se lembrou que Filipe odeia pessoas inseguras, e mesmo estando assim, não poderia demonstrar aquilo.

Continuou seu caminho na noite fria à procura de Melissa, e não pararia nem que tivesse que rodar o Rio de Janeiro todo.
Foi chegando em uma praça grande e bastante iluminada, cheia de árvores e flores que deixavam o ar muito agradável, foi por um caminho que parecia ter sido planejado com muito cuidado, pois as “paredes” eram todas feitas de árvores grandes, criando um ar acolhedor, mas que naquela hora parecia ser um pouco sombrio.
As flores foram ficando pra trás e com elas seu perfume, o barulho da chuva era abafado pelas grandes árvores que o cobriam como se fosse um imenso telhado de verde, só sentia o cheiro da terra molhada misturada com a neblina que fazia.

Já estava cansado demais, e já começava a andar mais devagar, foi ai que teve reção a dor em seu braço, colocou a mão por cima pra aliviar um pouco a dor que começava a sentir.
Conforme seu corpo ia dando sinais de reação, a dor, o cansaço e o frio, começou a dar um nó na garganta e uma vontade enorme de chorar, e como não era um choro de felicidade e sim de raiva, de ódio e de impotência, deu um berro pra se libertar daqueles sentimentos:
--MELISSA!!!!!!!!!!!!!!
Se sentiu fraco demais depois disso, como se tivesse levado uma grande surra e caiu de joelhos no chão, desabando em lágrimas e se afundando em seus próprios pensamentos.
Ficou naquela situação durante alguns minutos sem se dar conta de mais nada, apenas chorava e colocava pra fora tudo de ruim que estava em seu coração, foi quando ouviu uma voz chorosa e meiga:
--Estou aqui...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Dando O Sangue (27)

Tentou se recuperar o mais rápido possível daquele susto, pra poder ainda alcançar Melissa, mas como se já não bastasse as condições adversas sempre impostas a ele, ainda viria algo mais grave do que apenas levar aquele tombo por cima de uma mesa, afinal de contas haviam pessoas bebendo nela e não ficaram nem um pouco contentes com aquilo, mesmo sabendo que ele não teve culpa alguma na situação, mas era de se compreender, pois aquele momento foi tão deles e pessoal, que ninguém estava prestando atenção no que tinha acontecido, estavam obviamente vendo o show, e do nada, uma pessoa cai em cima da mesa, jogando as cervejas e bebidas no chão, dizer que foi um susto é pouco.

Foi se levantando atordoado com aquilo, se fosse numa situação normal ele estaria morrendo de vergonha, pediria desculpas as pessoas e pagaria uma rodada de bebidas, mas aquela era uma situação adversa, não estava preocupado com a sua imagem perante os outros, e sim em ir atrás da mulher de sua vida, que nesse momento tinha ganhado alguns metros significativos na sua frente.
Não prestou atenção em nada e saiu sem falar com ninguém, nessa hora um dos rapazes que estava sentado e bebendo com uns amigos, ficou indignado de Filipe não ter ao menos pedido desculpa e foi tirar satisfações com ele:
--Cara, você não reparou no que tu fez? Sujou minha mina toda!
Falou o rapaz com a voz completamente alterada pelo álcool, e ainda tinha o agravante de querer se mostrar pras outras pessoas que naquele momento em que Filipe caiu, se aglomeraram em volta deles pra ver o que tinha acontecido.
--Desculpa cara!
Ele disse apenas isso e virou as costas pra poder sair da boate, não havia tempo pra discussões, ainda mais que sabia que não levaria a lugar nenhum. Não satisfeito com o ibope que tinha ganho somente naquele diálogo, o rapaz foi mais longe:
--Filho da puta de merda! Volta aqui seu covarde!
As pessoas poderiam xingar ele da maneira que quisessem que não ligaria, mas não naquele dia, não naquela situação em que foi do céu ao inferno em menos de um segundo.
Sabia que a primeira ofensa era “universal”, mas o chamar de covarde foi o cúmulo, já estava na adrenalina de querer sair logo dali, e quando ficava daquele jeito fazia as coisas sem pensar, era como se ele ficasse sem sentidos, e a ira tomasse conta do seu corpo.
Foi andando a passos largos em direção ao rapaz que estava se preparando para xingar um pouco mais, levantando os braços pra poder fazer mais escândalo no seu teatrinho, mal sabia que a estrela daquele show seria ele mesmo.
--Voltou seu babac....
Não deu tempo nem de completar a frase, Filipe deu um soco no seu rosto com toda raiva que estava sentindo, juntando com a frustração do encontro com Melissa.
Ele não se deu conta de que enquanto o rapaz falava besteira, o amigo dele tinha se levantado e sumido, quando estava se virando mais uma vez pra poder sair, ele surge com uma faca na mão.
A sorte dele foi que a segurança já estava chegando para dar um jeito na situação, mas nada que não deixasse ele sair ileso daquilo tudo.

Quando Filipe foi passar pelos seguranças, levou um corte no braço por causa da faca, saiu andando rapidamente enquanto os seguranças tentavam conter o homem com a faca, pois ele estava ameaçando machucar muitas pessoas inocentes, mesmo sem ter noção da besteira que fazia.
Quando ele passou pelas meninas, só notou a cara de desespero de Jessy e Pri ao vê-lo passar com aquele corte no braço, apesar de não estar sentindo nada, a não ser a vontade de encontrar Melissa.
Jessy tentou ir atrás dele para impedí-lo, mas foi em vão, estava decidido a ir atrás dela custe o que custar.
E saiu da boate, pra uma noite fria e chuvosa, sem ter certeza pra onde ir...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O Beijo (26)

Eles ficaram se olhando durante vários minutos sem perceberem, só conseguiram voltar à realidade quando um homem passou cambaleante de álcool e esbarrou neles, fazendo com que acordassem daquele pequeno e raro sonho, daquele devaneio sem precedentes na vida de ambos.
Recobraram a consciência, Filipe estava ali, mais perto de Melissa, como nunca havia chegado antes, havia sonhado com aquele momento desde que recobrou a memória.
De todos os textos, de todas as coisas bonitas que poderia dizer, só conseguiu fazer uma coisa, foi levantando o braço até chegar com a mão perto do rosto dela, Melissa não esboçou nenhuma reação contrária, se fosse pra desprezá-lo já teria feito na hora que pensou ser outra pessoa.

Encostou finalmente e carinhosamente a mão nos cabelos dela, ficou alisando seu cabelo e sentindo a maciez que tanto queria provar naquele dia chuvoso no ponto, onde toda a sua vida mudou, e deu uma virada de 180 graus.
Já não conseguia responder por suas ações, e a única coisa que o movia era a emoção, foi deixando se levar pela sua alma, por seu espírito que estava radiante de felicidade e satisfação.
Melissa correspondia muito melhor do que ele podia imaginar, enquanto acariciava seus cabelos ruivos e lisos, fechava os olhos e deixava a cabeça pender pro lado em que sua mão estava.

Ela estava totalmente entregue aos carinhos dele, e meio que inconscientemente também, segurou a mão esquerda de Filipe, aquilo foi como um choque que eles receberam, finalmente além de seus espíritos e pensamentos estarem conectados, havia o toque, um sentindo o calor do outro.
Se pudesse descrever aquele momento, ele sabia que os dois sentiram a mesma coisa, uma onda de calor enorme, que depois se transformou num arrepio profundo e seus corpos ficaram gelados, como se tivessem ficado sem vida por um instante, coisa parecida ele só tinha conseguido sentir tendo orgasmo, mas aquilo ali era muito mais intenso e mágico.

Ainda não havia nenhum vínculo entre eles, eles nunca tinham sequer conversado, e não foi difícil de imaginar como seria a primeira vez.
Se apenas um toque de mãos fez acontecer aquilo tudo, mal poderia esperar para tê-la por completo, e entrar num templo sagrado pra ele, o corpo despido dela, despido de pudor, de inocência, de raiva e de medo.
Filipe finalmente deixou de passar a mão em seu cabelo e foi chegando perto para beijá-la.

Percebeu que ela queria abrir a boca pra falar alguma coisa, e assim mesmo, sem dizer palavra, colocou seu dedo indicador em seus lábios, dizendo pra ela ficar quieta, e se deixar levar por aquele momento.
Foi chegando perto muito lentamente de seus lábios, olhando profundamente em seus olhos que estavam cheios d'água, e foi sentindo o rosto dela com a boca, dando pequenos beijos em seu rosto, e sentindo aquele perfume de muito perto, quase chegou a ter a sensação de um desmaio com aquilo, mas sentia um prazer enorme em sentir aquela mulher de uma vez por todas.
Passou a beijar seu pescoço e ouviu Melissa dar um suspiro, depois começou a dizer palavras desconexas e baixas, como se fosse um bebê aprendendo a falar, aquilo o deixou completamente excitado e quase perdeu o foco, querendo agarrá-la na mesma hora.

Foi voltando pra perto de sua boca, para poder finalmente beijá-la, ela estava hipnotizada por seus carinhos e completamente entregue ao momento.
Quando seus lábios se tocaram, Melissa o empurrou com força e saiu correndo mais uma vez, Filipe caiu em cima de uma das mesas que estava cheia de copos, e quase desmaia com aquilo.
Não por cair, mas por ser acordado tão abruptamente no meio de um sonho desses...

domingo, 10 de maio de 2009

A Um Passo (25)

Depois de muito esforço, de muitas noites em claro pensando naquele momento, de tentar decorar o que iria dizer, de como iria agir, finalmente aconteceu o encontro que seria inevitável, poderia até ter demorado mais tempo do que levou, mas ele jurou pra si mesmo que não passaria daquela noite.
Era a sua grande chance de matar de vez a sua irritante e inconveniente timidez, falando com Melissa.
Tudo o que ele tinha imaginado de como seria aquele encontro, nenhuma das hipóteses seria numa boate, ainda por cima numa situação daquelas, com uma menina que ele já estava sentindo algo muito mais forte do que apenas tesão, Pri estava tomando um lugar bem grande nos pensamentos dele, se não fosse por aquele perfume, aqueles cabelos, aquela alma, aquela mulher em forma de sonho...

Parou de pensar e resolveu agir, ela continuava de costas pra ele e compenetrada no show, as luzes fortes, o som alto, não podia pensar em falar nada, pois ninguém se fazia ouvir ali se não estivesse berrando, e isso não era uma maneira de se começar uma história, não queria passar como louco ou coisa parecida.
Andou pra frente de Melissa, que não tirava os olhos das colegas e não tinha nem o percebido ali, parado a menos de um passo de se encostarem, e mais uma vez pode provar daquele olhar vazio e misterioso que ela tinha, aquilo sempre o fazia estremecer, desde o dia em que um raio a fez levar um susto e olhar pros seus olhos assustada.

Chegou mais perto, a ponto de se encostarem as mãos, Melissa levou um susto e fez um movimento como se fosse empurrá-lo, quando deu um passo pra trás pra pegar impulso, abriu os olhos do ódio que estava sentindo naquela hora, pois pensava que era mais um cliente que não sabia respeitar uma mulher.
Quando Melissa viu quem era, parou no meio do caminho e ficou paralisada, seus olhares novamente se encontraram, e souberam que ainda estremeciam na frente um do outro.

Se aquele momento tivesse uma trilha sonora escrita, a música que mais combinaria, seria a música suave e doce do silêncio, o mais breve, profundo e denso silêncio.
Silêncio que se pode tocar, de uma noite solitária onde você pode chorar olhando a Lua, que ninguém vai saber, um momento só seu.
Silêncio que se pode provar, como um primeiro beijo apaixonado, que se pode ouvir a respiração ofegante e os batimentos de um coração feliz.
Filipe sabia muito bem o que era aquilo, era mais uma vez a paixão querendo deixar de ser apenas um sentimento rápido, intenso e pouco duradouro.
Sabia que de alguma forma estranha, ele amava de verdade aquela mulher...

sábado, 9 de maio de 2009

O Encontro (24)

Filipe não sabia o que pensar depois daquela frase, não conhecia Pri a bastante tempo pra saber do que seria capaz, mas quis de todo coração que não tivesse acontecido nada de grave, já tinha ouvido histórias de mulheres ciumentas, mas não com tanta rapidez assim.
Como sempre milhares de coisas passaram por sua cabeça, e nenhuma delas eram pensamentos bons.
Se virou pra ela e ficou a olhando durante algum tempo, olhou em seus olhos e não conseguiu ver nenhum tipo de maldade, ele nunca tinha se enganado com ninguém antes, podia ver através dos olhos das pessoas e chegar até a sua alma, sempre fazia isso com as pessoas que faziam parte do seu convívio particular, e Pri, estava quase conseguindo um lugar muito maior do que ele poderia imaginar na sua vida.
Estava começando a sentir um carinho e um afeto muito grande por ela, mesmo não querendo isso, foi se deixando levar pela correnteza dos sentimentos mais uma vez, mas não perdoaria uma pessoa que pudesse jogar tão baixo.
Finalmente tomou coragem, passou as costas da mão no rosto de Pri e falou:
--Você tá querendo me assustar? Se sim,está conseguindo.
Ela conseguiu ficar algum tempo fazendo uma cara de desespero e medo, mas não aguentou e caiu na gargalhada. Filipe sentiu um alívio enorme depois daquilo, pois sabia que nada de grave tinha acontecido, seria trágico demais se ela tivesse feito algo à Melissa, na pior das hipóteses, teria acontecido um assassinato, no qual ele perderia duas pessoas queridas de uma vez só, e não conseguiria viver em paz sabendo que foi pivô daquilo.

--Ela somente veio ajudar as outras meninas com a maquiagem, uma das garçonetes me disse que ela não está se sentindo bem hoje, seu bobo!
Depois daquela explicação, sentiu uma felicidade enorme em saber que nada havia acontecido com nenhuma das duas, e não podia passar daquele dia sua conversa com Melissa, pois ele estava começando a gostar muito de Pri, já que a conhecia um pouco e gostava muito do jeito dela.
Tinha que ouvir o que Melissa tinha a dizer, se é que estaria disposta a dizer algo, ou pelo menos ele precisava dizer à ela que não tem compromisso, e que estava beirando a loucura naqueles últimos dias infernais e cheios de surpresa, que nenhum roteirista de televisão conseguiria imaginar.

Anunciaram que estava pra começar a apresentação e os dois desceram pra poderem acompanhar.
Chegaram em sua mesa onde estavam Jessy e Késsia conversando e rindo muito, se sentaram e ficaram olhando pro palco com grandes expectativas.
Começa o show, mas Filipe só tem olhos pra uma pessoa, que por acaso não estava lá, e ele estava ficando cada vez mais impaciente com aquilo.
Se levanta pra poder enxergar melhor o palco, e consegue ver o que estava procurando, Melissa estava lá, perto do palco com seus cabelos levemente ruivos, estava prestando bastante atenção no palco, parecia que estava desligada da vida, e devia estar inquieta por não estar lá em cima.

Filipe resolveu que ali seria a hora do encontro acontecer, foi abrindo caminho pelas pessoas que estavam em pé, a casa estava lotada demais, as noites ali sempre eram um sucesso, e ficava difícil demais de caminhar.
Foi se aproximando com muita dificuldade, logo ele que odiava andar no meio de multidão, sempre evitava aquele tipo de situação, mas dessa vez ele tinha que vencer essa barreira.
Quando ele finalmente saiu do meio da confusão, pode ver Melissa mais de perto, e mesmo no meio daquela fumaça que saía do palco, ele conseguiu sentir o perfume dela, já estava sentido saudades daquele cheiro.

Foi chegando cada vez mais perto, tomou coragem e ficou a um passo dela...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ciúmes (23)

Depois de algum tempo do lado de fora, entraram na boate com todas as expectativas boas possíveis.
Procuraram uma mesa que fosse mais discreta, mas de qualquer lugar podia se ter uma boa visão do palco, além de existirem várias “gaiolas” espalhadas pelo salão onde meninas ficavam dançando e se insinuando, enquanto o grande show não começava.
Pediram uma rodada de bebidas para começarem a entrar no clima, e isso não era uma coisa muito difícil de acontecer naquela atmosfera tão propícia a soltar a libido dos frequentadores.

O ambiente era realmente impressionante, parecia ser uma casa menor por fora, mas o salão era enorme e surpreendeu a todos.
Além das mesas dispostas em toda extensão da boate, tinham as garçonetes que vinham sempre trajadas com roupas sensuais e provocantes, era como se fosse um uniforme, todas com o mesmo tipo de tecido e modelo, só mudava a maquiagem e o estilo de amarrar o cabelo de cada uma.
Se o cliente quisesse um pouco mais de diversão, e não apenas ficar esperando a bebida ser servida na própria mesa, poderia se dirigir a um dos dois enormes bares que estavam em cada extremidade da boate.
Lá existiam as coqueteleiras e os bar mans, que faziam um show a cada drink preparado, muitas pessoas ficavam sentadas nos bancos esperando a bebida, e assim, acabavam se conhecendo por causa de algum gosto pessoal parecido.

Depois da primeira rodada de bebidas, Jessy pega o “cardápio” do lugar, e percebe que existe mais um andar ali, que eles não sabiam que existia, era o andar de cima com mesas de bilhar e fliperamas.
Késsia pergunta quando irá começar o show, a garçonete lhe responde que nunca tem uma hora certa pra ser dado início à atração principal, mas que todos seriam avisados, pelo sistema de som, minutos antes das meninas entrarem em cena
Filipe resolve chamar Pri pra irem conhecer o andar de cima, Jessy e Késsia entenderam o recado e disseram que ficariam por ali mesmo.

Subiram e viram muitas mesas de bilhar com pessoas sempre jogando animadas, cada uma delas tinha uma cor diferente de forramento, umas delas azuis, outras vermelhas, verdes e etc.
Se dirigiram a um canto que não tinha muito movimento e se sentaram num sofá que estava na parede, era mais tranquilo de se conversar ali, e ficava na frente de uma janela, já que a maioria das pessoas que estavam ali eram fumantes, coisa que Filipe odeia..
Achou que não deveria querer se prender a uma mulher que nem conhecia, e assim beijou Pri sem medo, e ficaram assim por ali durante um bom tempo.
Ela tinha um beijo incrível demais, e sempre fazia questão de demonstrar que se sentia muito segura com isso, pois a sua timidez e insegurança estavam desaparecendo conforme eles ficavam juntos mais vezes.

Terminaram de se beijar, e Pri disse depois de uns segundos:
-Olha ela lá.
E apontou pra escada, onde puderam vê-la muito rapidamente, já que ela desceu rapidamente, e mais uma vez demonstrando uma pressa angustiante.
Ele ficou pensando se Melissa vivia sempre ligada no 220, todas as vezes que eles se encontravam era a mesma coisa, correria.
Pri não estava mais aguentando de ansiedade, e disse pra Filipe esperar uns minutos que ela já voltaria com notícias, e se levantou, foi andando em direção a escada e desceu.
Ele ficou ali no sofá sentado, mas resolveu se levantar e ir para a janela e pensar um pouco se estava fazendo a coisa certa, afinal de contas Pri era uma garota incrível, e sempre era carinhosa nas vezes que se viam, além de nunca ter cobrado nada daquela relação, que se fosse há alguns meses atrás, com certeza ele já a teria pedido em namoro, mas precisava ver o que estava acontecendo com a sua vida, antes de se meter mais uma vez em um relacionamento sério.

Enquanto ele estava olhando para a lua e imaginando coisas, sentiu uma pessoa abraçá-lo e colocar as mãos por dentro de sua blusa, arranhando com as unhas o seu peito.
Com certeza era alguém que o conhecia bem, pois aquilo ali o deixava muito excitado.
Pelo perfume ele já sabia quem era, Pri tinha voltado de lá debaixo com a tal notícia.
Ela foi fazendo-o abaixar pra poder falar no seu ouvido, quando já estava alcançando a sua nuca, lhe deu umas mordidinhas de leve, seguida de beijos no pescoço, e foi soprando a sua orelha , aquilo deixou Filipe completamente arrepiado e ele quase cai no chão por perder as forças nas pernas, então finalmente ela fala com uma expressão demoníaca na voz:
-Melissa não vai se apresentar hoje...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O Cartaz (22)

Eles saíram e foram buscar Pri em sua casa pois ela já estava pronta e os esperando, chegando lá Filipe desceu do carro e foi buscá-la.
Apesar de saber que a noite não seria comum, se arrumou com muito capricho, e ele não teve como segurar a vontade que sentiu de lhe dar um beijo, era o seu lado carinhoso falando alto mais uma vez, estendeu a sua mão e saíram assim até entrarem no carro.
Foram para o banco de trás e ficaram conversando baixinho, era a primeira vez que puderam se ouvir em uma situação normal, repararam que tinham muitas coisas em comum, foi um diálogo agradável e se sentiram felizes por estarem juntos, Filipe somente lamentou não tê-la conhecido antes daqueles dias infernais.

Chegaram na casa de Késsia que rapidamente entrou no carro, sentou-se no banco da frente e deu um beijo na mão dele, desejou boa noite à Pri e Jessy.
Filipe contou toda a situação que tinha ocorrido à ela, já que sem querer entrou naquela história insana demais, apenas por ter adormecido no seu colo.
Pri disse que não se importava de não entrar de mãos dadas com ele na boate, e falou que poderia esperar pra ver o que seria resolvido:
“Espero que você consiga arranjar um lugar pra mim no seu coração”
Disse ela sussurrando em sua orelha, Filipe se arrepiou na hora e perdeu por alguns poucos segundos a força, nesse tempo beijou-o na boca.

Quando se aproximaram mais da boate já se podia ver a confusão de pessoas do lado de fora, todas elas procurando diversão e assistir a um show nada convencional, pelo menos pra eles que nunca tinham ido numa casa assim, ainda mais com o objetivo de encontrar uma pessoa específica.
Saíram do estacionamento e foram direto pra entrada comprar os bilhetes, não existia diferença de preços pra homens e mulheres como nas outras casas, todos tinham que pagar um mesmo valor, 50 reais, por não ser um preço muito acessível perceberam que se tratava de uma boate seleta.
Filipe pagou a entrada de todas elas, e disse:
“A bebida é por conta de vocês, tão pensando que vão ficar de patroas hoje?”
Elas riram e seguiram pra fila, no caminho eles olharam pra dentro da boate e Jessy e Filipe se olharam ao mesmo tempo, como que comemorando uma vitória silenciosa:
Mais uma vez viram a foto das atrações da noite, dentre elas reinava absoluta e como uma rainha, a ruiva que destruiu a vida sentimental dele, Melissa...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Enfim A Mensagem (21)

Jessy pegou o papel como quem recebe uma carta-bomba, um cuidado sem precedentes que estava chegando a irritar Filipe, estava curioso pra saber o que estava escrito no resto.
Além daquela frase destacada com lápis:
“Pena vc não estar sozinho”
Estava assim mesmo, com essa grafia corrida como se fosse de internet, demonstrando a urgência e o imediatismo daquela frase.

Enfim começa a leitura da carta:

“Oi, você deve estar com muita raiva de mim por tudo que aconteceu, mas quero que saiba que eu estava desesperada e não tinha outra saída senão fazer o que me mandaram, eu fui pressionada e ameaçada por pessoas que infelizmente acabei me envolvendo.
E quero que você me dê uma chance pra te pedir perdão pessoalmente, vamos lá pra fora?”

Depois que ela terminou de ler finalmente, Filipe não entendeu mais nada, disse que nesse dia da festa, Melissa tinha saído de um carro correndo pela rua mais uma vez sem rumo, e como ela tinha tido tempo de escrever aquele bilhete?
Pior ainda, talvez fosse essa a maior pergunta de todas: como ela sabia que ele estava ali?
Concluíram que todas as respostas teriam que ser respondidas pela personagem principal daquilo tudo, e não iria passar daquele dia.

Uma coisa deu pra tirar conclusão daquilo tudo, que Melissa viu os dois juntos, e pensou que eram namorados ou que tinham um caso mais sério, pois Pri estava deitada em seu colo dormindo, enquanto era acariciada e protegida pelo casaco dele.
As coisas foram se encaixando enquanto Filipe lembrava de tudo que tinha acontecido, aquele jeito que ela estava fazendo em seu casaco, o olhar quase que apaixonado por um objeto pessoal, e aquela última frase escrita no desespero de quem sabe, de uma mulher contrariada pelo destino, que se viu obrigada a fazer parte de um plano para prejudicá-lo.
A decepção que deve ter passado por sua cabeça, de perceber que estava fazendo mal à uma pessoa que não conhecia, e depois se ver arrependida pelo seu ato e tentar reparar o erro.
Filipe não queria acreditar que Melissa pudesse realmente estar sentindo alguma coisa forte e mais séria, aprendeu a não ter muitas expectativas sobre as outras pessoas, e assim estava sendo mais fácil a sua vida, até aquela noite pelo menos...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Lápis (20)

Filipe ficou completamente assustado com mais uma das surpresas de Melissa, ela não só tinha chegado perto dele, como tinha deixado mais um bilhete misterioso.
Colocou o bilhete no armário do banheiro e resolveu terminar de fazer a barba, pra aumentar um pouco mais a ansiedade dele, e a curiosidade de Jessy, que a essa altura já esmurrava a porta querendo notícias.
“Jessyca, espera um pouquinho, por favor”
Depois de falar isso, Lipe sabia que ela se acalmaria pois dificilmente a chamava pelo nome.
Terminou enfim de se barbear, e saiu do banheiro com o papel nas mãos direto pro seu quarto, viu que Jessy estava impaciente como quem esperava uma notícia de um parente internado, sentada no sofá da sala, se balançando pra frente e pra trás e batendo as unhas no celular.

Se trancou no quarto e colocou uma cueca e a bermuda que ele iria usar pra sair, sentou na cama e respirou fundo pra começar a ler o tal recado, e percebeu que Jessy tinha lido, mesmo sem querer as últimas palavras do bilhete, que estavam bem grandes e escritas com lápis de olho preto.
Ele tentou se concentrar apenas nas outras palavras ali escrita, já que claramente o que estava escrito de lápis foi feito na hora que ela estava na festa, de improviso.
Apesar de querer muito se concentrar em não ler a parte mais chamativa do bilhete, não conseguiu e foi traído pela curiosidade, quando seus olhos passaram por aquelas palavras, ele sentiu seu corpo estremecer e ficou gelado, sem querer acreditar no que ele tinha acabado de ler ali.

Apesar de não ficar nem um pouco satisfeito com o que tinha acabado de ler, ele percebeu que Melissa tinha o mesmo defeito que ele tinha, julgar as pessoas sem antes conhecê-las.
Não podia cobrar dela uma coisa que também faria igual, portanto achou normal aquela reação diante dos fatos presenciados por ela.
Por mais que aquelas coisas escritas não fossem nada boas, de uma coisa ele tinha certeza mesmo sem ler o restante do bilhete: ela sentia alguma coisa muito forte por ele, pra se equivocar daquele jeito e mostrar “ciúmes” por Filipe.

Deixou o papel de lado e foi terminar de se arrumar, deixaria a cargo de Jessy ler o restante do recado, já que ela queria tanto saber o que estava escrito ali, como se não bastasse ela ser curiosa demais, tinha o agravante de Melissa ter mexido tanto com a vida dele, logo Filipe que disse que queria distância de relacionamentos, e jurou pra ela que não se apaixonaria mais por ninguém, a não ser por ele mesmo.
Saiu do quarto já pronto e perfumado, pois não saia de casa pra nada sem estar com seu perfume preferido.
Sentou do lado de Jessy, e colocou o papel na mão dela e disse apenas:
“Lê”...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Surpresinha... (19)

Filipe acordou naquele dia de Sábado totalmente inspirado e feliz, sabia que seria um dia mais do que especial, iria finalmente se confrontar com Melissa, a mulher que tanto vinha tirando ele do sério.
Levantou e foi tomar um café, chegando na cozinha encontrou Jessy preparandoalguma coisa pra eles.
“Bom dia! Flor do dia!” Disse Jessy
“Bom dia, meu amor” Respondeu Lipe dando um beijinho em sua testa.
“Legal, agora vai lá escovar esses dentes seu imundo” Brincou ela.
“Tô indo mamãe”
Eles riram alto sem se dar conta de que tinham mais duas colegas de Jessy dormindo, entre elas a menina que ele tinha ficado.

Depois que Lipe tinha terminado, deu uma passada no quarto de Jessy pra dar uma olhada nas meninas, e num impulso estranho que mostrou a ele que ainda tinha um grande coração sentimental, foi dar um beijo na menina que ele tinha ficado, a beijou no rosto e ajeitou o seu edredom, saiu dali de dentro feliz por saber que sabia dosar carinho, com desprezo.
E nos momentos que eles ficaram juntos ela tinha se mostrado bastante carinhosa, não haviam motivos pra ele a tratar com indiferença, além de ele saber que a qualquer momento eles iriam se encontrar na casa, e como ela era tímida, tinha que arrumar um jeito de fazer isso ser normal.
Resolveu ir até a cozinha e avisar a Jessy que iria buscar a menina pra tomar café com eles, pra ela não se sentir muito envergonhada.

Foi mais uma vez até o quarto e foi acordar Pri, chegou bem perto dela e ficou chamando o seu nome em sussurros na sua orelha, ela dava umas resmungadas e se mexia pouco, então ele começou a mordiscar a orelha dela, foi nesse momento em que Pri começou a acordar e olhou pra ele assustada, e antes mesmo que ela pudesse esboçar uma reação tímida, ele a beijou com muita vontade, e disse pra ela se levantar pra tomar café com eles.
Pri deu uma risada e disse que ia querer mais daquele beijo, só que quando ela estivesse acordada de verdade e puder retribuir como ela queria, Lipe disse que estava esperando ansioso por isso, e foi pra cozinha pra ela poder se arrumar.

Eles ficaram conversando enquanto Pri não se juntava a eles, combinando quais pessoas eles iriam chamar pra irem juntos na boate naquela noite.
Ficou acertado que iriam Jessy, Késsia, Pri e mais alguns amigos do trabalho, mas o real motivo daquela ida poucas pessoas conheciam.
Pri chegou na cozinha e tomaram café pra poderem depois terminarem a faxina na casa, que precisava ser lavada ainda.
Levantaram-se e foram se preparar para começar a arrumação, cada um ficou com uma tarefa, e como Lipe não tinha intimidade nenhuma com faxinas, o trabalho mais fácil foi o dele, que era o de pegar as latinhas e outras coisas que estivessem pelo chão.
Com alguns minutos de dedicação, eles conseguiram limpar tudo, e foram pra sala descansar.

A noite chega e Jessy leva Lipe pra casa dele pra poder se arrumar, Jessy já tinha combinado com o pessoal onde iriam se encontrar, e a ansiedade dele aumentava a cada minuto que passava, ele foi pro quarto pegar a toalha e depois ir para o banheiro tomar banho.
Terminou o banho e foi começar a fazer a barba, quando ele ouve Jessy batendo à porta,ele abre pela metade e ela diz:
“Acho que Melissa viu o que não devia”
E entregou pra ele um papel que ela tinha achado no casaco dele, era mais um bilhete deixado por ela...

domingo, 3 de maio de 2009

Chegando O Dia (18)

Mais uma vez ela se mostrava muito mais esperta do que ele, e também uma mulher bastante emotiva e imprevisível.
Ele adorava aquele comportamento nela, apesar de não conhecer ela a fundo, já dava pra traçar algumas características da personalidade dela.
Ele pegou o casaco e saiu andando pra chegar até ela, mas como o destino estava sendo muito bonzinho com ele, ela conseguiu se desvencilhar das pessoas empurrando todo mundo e abrindo caminho a força, e como gerou uma pequena confusão essa atitude dela, ficou mais difícil ainda de ele conseguir se mexer.
E aqueles poucos segundos de confusão foram suficientes pra ele a perder de vista mais uma vez...

Quando ele conseguiu sair daquela confusão toda e chegar à porta de saída da sala, já era tarde demais pra alcançar Melissa, como num passe de mágica, ela tinha desaparecido na neblina daquela noite de extremo frio.
Ali que ele percebeu que estava arrepiado de tanto frio, e colocou o casaco pra se proteger do frio que fazia naquela madrugada tão estranha.
Resolveu andar um pouco pra ver se o efeito do álcool passava, e também pra pensar um pouco naquilo tudo que estava acontecendo na vida dele.
Ele tinha uma vida que achava que era interessante, interessante apenas pra ele, depois que ele começou a sair, percebeu que ele não tinha vida nenhuma, que ficar trancado em casa era a coisa mais triste que podia acontecer a uma pessoa.

Apesar de todos os problemas que aquilo tinha causado a ele, ele se sentia muito feliz e mais forte pra enfrentar a vida de peito aberto, tinha passado pelas coisas mais difíceis de sua vida em menos de 2 semanas, e se sentia finalmente vivo, vivo de verdade, com objetivos na vida, e com um possível amor pela frente.
Depois de andar uns bons minutos pela rua sem direção, resolveu voltar pra casa de Jessy, ela deveria estar preocupada com ele.
Chegando perto da casa dela ele pôde ver que muitas pessoas já estavam saindo da festa, então ele olhou no relógio e viu que já eram quase seis horas da manhã, e pessoas que vão pra festas assim não gostam muito de sol, inclusive ele.

Ele entrou e ajudou Jessy a arrumar superficialmente a bagunça pós festa, que é a parte mais chata, e que ninguém da festa participa.
Ficaram conversando sobre a festa, e ele disse pra ela que Melissa estava ali dentro, tão perto dele e ele não conseguiu fazer nada, a não ser perder ela de vista mais uma vez.
Jessy então falou:
“Essa puta não escapa da gente hoje de noite meu anjo”
“Olha, já está julgando as pessoas?”
“Você sabe que é meu jeito de falar né?”
“Claro que sei sua magrela maluca”

E depois ele foi dormir no quarto do irmão dela, que estava viajando e não se importaria de ele ficar por lá.
Ele tomou um banho e colocou uma blusa do irmão de Jessy, e ficou deitado tentando dormir com aqueles pensamentos na cabeça, todas as coisas que aconteceram na festa, em apenas uma noite, as coisas na vida dele estavam acontecendo sempre assim, inesperadamente e cheias de alegria e frustração.
Ele só ficava pensando nela, em Melissa, e pensando muito nela, adormeceu sorrindo com a possibilidade de encontra-la na boate.
E ele já estava preparado pra alguma tragédia, nada era tão simples com aquela mulher, e nem nunca iria ser...

sábado, 2 de maio de 2009

O Casaco (17)

Ele tentou ver onde ela estava, mas tinha muita gente por ali, tudo escuro, e aquela luz estroboscópica estava deixando ele tonto demais, ele não conseguia distinguir as pessoas, e só estava sentindo o cheiro dela, e uma presença muito forte.
Estava começando a ficar muito nervoso, pois ele queria fazer alguma coisa, sair dali e seguir apenas a essência daquele cheiro, e encontrar aquela que ele já admitia ser talvez a mulher da sua vida, mesmo sem ter trocado uma palavra sequer pessoalmente.
Ele queria se levantar dali e achá-la, mas não podia levantar e deixar a menina jogada naquela situação, todos já estavam muito bêbados e ele tinha medo que alguém fizesse alguma coisa com ela.
De repente mais uma vez chega a sua salvadora Jessy, ele pede pra ela tomar conta da menina, e ela pergunta o que estava acontecendo, ele simplesmente responde:
“Por favor”
Ela se senta e fica no lugar dele, mas ela acorda a menina e manda ela ir deitar no quarto dela, ela se levanta muito envergonhada e pergunta o que tinha acontecido com ele, e Jessy apenas a levanta e a leva pro seu quarto por um caminho diferente, sem passar por dentro da sala.

Ele fica procurando por Melissa às cegas, confiando apenas no seu instinto e tentando a achar pelo perfume, que sempre tinha aquele mesmo ar de mistério, e mesmo ali, no meio de tantas pessoas diferentes se destacava muito, era como se o perfume dela tivesse vida própria, como se fosse feito especialmente pra ela.
Ele ficou procurando pela sala desesperadamente por ela, mas não conseguia a encontrar,e já estava começando a ficar nervoso.
Pois se ela tinha entrado ali, ela deveria conhecer alguém da festa, mas ele pensou um pouco melhor e viu que aquilo não faria muita diferença, pois o portão estava sempre aberto, e não havia ninguém lá pra perguntar quem era, as pessoas simplesmente entravam.
As festas de Jessy sempre eram assim, e se alguma vez uma pessoa que ela não conhecesse desse trabalho, seus amigos tratavam de colocar a pessoa pra fora, pois ela não admitia que as pessoas invadissem a festa dela com o intuito de estragar a festa de seus amigos.
Assim como se a pessoa viesse de mente aberta, mesmo sem ter sido convidada, poderia se tornar amigo dela e ser chamado para outras festas, só dependia da pessoa.

Depois de algum tempo ele olha novamente para perto da varanda de dentro da sala mesmo, e começa a ver um cabelo ruivo e uma menina vestida de preto, só poderia ser ela, pois as meninas que estavam ali naquela festa se vestiam totalmente diferente, ele foi chegando perto, meio que com medo de ser descoberto por ela.
Quando ele conseguiu realmente distinguir quem era, ele estava bem no meio da sala, no meio de toda aquela confusão de pessoas que estavam se divertindo e bebendo, todas elas alheias aos seus problemas, e ele era um objeto neutro no meio daquela confusão de braços e pernas, de cabelos que balançavam, e daqueles gritos de felicidade.

Ele estava começando a ficar irritado com aquilo tudo, parecia que sempre havia uma barreira entre eles, e que nada era fácil com Melissa.
Resolveu sair daquele meio e ir pelo canto da sala, pois estava menos bagunçado e por ali ele conseguiria chegar até ela sem que ela pudesse perceber.
Era só ela ficar paradinha e continuar olhando pra frente, que tudo daria certo.
Foi quando ele percebeu que ela começou a se mover, aquilo fez ele ficar paralisado onde estava, pra poder acompanhar os movimentos dela, sem que ela percebesse a sua presença.
Ela foi andando em direção onde ele estava sentado com a menina no colo, ela ficou no mesmo lugar que a menina estava, e ficou passando a mão na parte onde ele estava, aquilo fez ele começar a sorrir de felicidade, a mulher que ele tanto sonhara em conhecer, estava dando uma amostra de afeto por ele, e estava sendo totalmente espontânea pois ninguém estava vendo, somente a pessoa que mais importava: ELE.

Ele viu que ela pegou o casaco dele, que na hora de levar a amiga pra dentro, Jessy tinha esquecido ali, não por desleixo, mas por saber que ninguém pegaria, e depois ele poderia voltar ali e se vestir com ele novamente.
Ela pegou o casaco com muito carinho, e ficou passando a mão nele, como se estivesse fazendo carinho, desejando que fosse ele que estivesse ali, aquilo deixava ele cada vez mais excitado e cada vez mais sem saber o que fazer.
Foi quando sem perceber que estava andando, ele se viu muito descoberto das outras pessoas, e simplesmente uma passada de olhos, ela poderia o reconhecer, e a surpresa seria estragada.
E foi o que aconteceu, Melissa olhou pra dentro da festa e o viu ali parado olhando fixamente pra ela, mais uma vez o tempo parou, e aquela troca de olhares foi como uma bomba de Nêutrons.
Ela se levantou com o casaco dele na mão, e começaram a cair lágrimas dos seus olhos, ela jogou o casaco dele em sua direção, e nessa fração de segundos que ele levantava os braços pra segurar o casaco, ela some no meio da sala...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Mais Perto Do Que Se Pensa (16)

Depois de presenciar aquela cena, ele deixa seu copo em cima da mesa na varanda e sai correndo pra dentro da festa, pra tentar alcançar Melissa, e finalmente saber o que estava acontecendo pra ela sair correndo daquele carro.
Ele entrou na festa, muito barulho, muitas pessoas dançando, se beijando, uma confusão das grandes, ele começou a se sentir atordoado por causa do som alto, e aquela confusão de luzes e pessoas, quando sentiu uma mão o segurando e o guiando a algum lugar, ele não sabia quem era mas pelo menos ele estava conseguindo sair do meio daquela confusão.

Quando ele estava quase saindo do meio do furacão, ele percebe que está sendo levado pra um lugar que não era a saída da sala, e sim, um quarto.
E quando ele pode enxergar melhor, ele percebeu quem era que o estava puxando, era Jessy, que o estava levando até seu quarto.
Achou muito estranho Jessy estar fazendo aquilo, pois eles nunca haviam ficado, e não seria naquela noite que iria acontecer, ele pensou em parar e perguntar o que estava acontecendo, e dizer que ele tinha visto a mulher que vinha tirando o sono e a sanidade mental dele naqueles dias.
De repente ela empurra ela pra dentro do quarto dela e fecha a porta, lá dentro está uma menina que nem espera ele pensar em nada e agarra ele, que sem ter muito o que fazer se deixa levar pelo momento.

Ele concluiu que àquela hora Melissa já estaria muito longe dali, e que no Sábado ele iria na tal boate pra encontrar ela, e começou a corresponder aos beijos da menina, que estava muito empolgada com ele.
Eles ficaram cerca de uma hora ali dentro, entre os beijos e o sexo propriamente dito, não podiam suar muito, pois não tinham roupa pra trocar, então ela deu o número de telefone dela, pra se encontrarem algum dia.
E assim ele saiu do quarto de Jessy com a menina, na saída ele procurou algum lugar pra mais uma vez pensar naquilo tudo, e foi andando mais uma vez pra varanda.
Chegando lá ele encontrou Jessy, que toda sorridente lhe deu um soquinho e disse:
“Ae garanhão”
“Não tive mérito nenhum, você me jogou lá dentro e eu não precisei fazer nada”
“Ela é tímida demais, ai eu queria acelerar as coisas, e sabia que você ia ajudar ela a se soltar”
“Tímida? Eu sou um santo perto dela”
“Ahhhh seu merda, ela tava calibrada”
“Obrigado pela diversão assim mesmo amore”
Ele abraçou Jessy e deu um beijo na testa dela, e ficaram ali abraçados se protegendo do frio, imaginando como seria o dia de amanha, quando eles iam na tal boate pra verem o show de Melissa.

A menina que tinha ficado com ele no quarto volta pra perto dele, e Jessy sai pra deixar os dois sozinhos, ela parece que quer ficar conversando com ele, mas ele não está muito pra conversas naquela hora, e fica disperso enquanto a menina começa a falar, e ele carinhosamente diz à ela que não está se sentindo muito bem e não queria conversar, ela entende ele e senta num sofá que tem na varanda, e pede a ele pra se sentar ao lado dela, ele se sentou e começou a fazer carinho na cabeça da menina, que em poucos minutos pega no sono e fica mais molinha no seu ombro, ele chegou mais pro lado e colocou a cabeça dela em seu colo, tirou o casaco que estava usando, e apesar de estar frio, o usa pra cobrir a menina que já estava ali dormindo no seu colo.
Ele se sentia de uma certa forma gratificado por aquele momento, de ela ter confiado tanto nele a ponto de adormecer em seu colo.
Momentos de paz e tranquilidade como aqueles eram raros na sua vida, e ele achou que aquela menina poderia ser uma boa companheira, não fosse por um certo perfume que ele estava sentindo naquele exato momento, Melissa estava por ali, no meio daquelas pessoas...