sábado, 2 de maio de 2009

O Casaco (17)

Ele tentou ver onde ela estava, mas tinha muita gente por ali, tudo escuro, e aquela luz estroboscópica estava deixando ele tonto demais, ele não conseguia distinguir as pessoas, e só estava sentindo o cheiro dela, e uma presença muito forte.
Estava começando a ficar muito nervoso, pois ele queria fazer alguma coisa, sair dali e seguir apenas a essência daquele cheiro, e encontrar aquela que ele já admitia ser talvez a mulher da sua vida, mesmo sem ter trocado uma palavra sequer pessoalmente.
Ele queria se levantar dali e achá-la, mas não podia levantar e deixar a menina jogada naquela situação, todos já estavam muito bêbados e ele tinha medo que alguém fizesse alguma coisa com ela.
De repente mais uma vez chega a sua salvadora Jessy, ele pede pra ela tomar conta da menina, e ela pergunta o que estava acontecendo, ele simplesmente responde:
“Por favor”
Ela se senta e fica no lugar dele, mas ela acorda a menina e manda ela ir deitar no quarto dela, ela se levanta muito envergonhada e pergunta o que tinha acontecido com ele, e Jessy apenas a levanta e a leva pro seu quarto por um caminho diferente, sem passar por dentro da sala.

Ele fica procurando por Melissa às cegas, confiando apenas no seu instinto e tentando a achar pelo perfume, que sempre tinha aquele mesmo ar de mistério, e mesmo ali, no meio de tantas pessoas diferentes se destacava muito, era como se o perfume dela tivesse vida própria, como se fosse feito especialmente pra ela.
Ele ficou procurando pela sala desesperadamente por ela, mas não conseguia a encontrar,e já estava começando a ficar nervoso.
Pois se ela tinha entrado ali, ela deveria conhecer alguém da festa, mas ele pensou um pouco melhor e viu que aquilo não faria muita diferença, pois o portão estava sempre aberto, e não havia ninguém lá pra perguntar quem era, as pessoas simplesmente entravam.
As festas de Jessy sempre eram assim, e se alguma vez uma pessoa que ela não conhecesse desse trabalho, seus amigos tratavam de colocar a pessoa pra fora, pois ela não admitia que as pessoas invadissem a festa dela com o intuito de estragar a festa de seus amigos.
Assim como se a pessoa viesse de mente aberta, mesmo sem ter sido convidada, poderia se tornar amigo dela e ser chamado para outras festas, só dependia da pessoa.

Depois de algum tempo ele olha novamente para perto da varanda de dentro da sala mesmo, e começa a ver um cabelo ruivo e uma menina vestida de preto, só poderia ser ela, pois as meninas que estavam ali naquela festa se vestiam totalmente diferente, ele foi chegando perto, meio que com medo de ser descoberto por ela.
Quando ele conseguiu realmente distinguir quem era, ele estava bem no meio da sala, no meio de toda aquela confusão de pessoas que estavam se divertindo e bebendo, todas elas alheias aos seus problemas, e ele era um objeto neutro no meio daquela confusão de braços e pernas, de cabelos que balançavam, e daqueles gritos de felicidade.

Ele estava começando a ficar irritado com aquilo tudo, parecia que sempre havia uma barreira entre eles, e que nada era fácil com Melissa.
Resolveu sair daquele meio e ir pelo canto da sala, pois estava menos bagunçado e por ali ele conseguiria chegar até ela sem que ela pudesse perceber.
Era só ela ficar paradinha e continuar olhando pra frente, que tudo daria certo.
Foi quando ele percebeu que ela começou a se mover, aquilo fez ele ficar paralisado onde estava, pra poder acompanhar os movimentos dela, sem que ela percebesse a sua presença.
Ela foi andando em direção onde ele estava sentado com a menina no colo, ela ficou no mesmo lugar que a menina estava, e ficou passando a mão na parte onde ele estava, aquilo fez ele começar a sorrir de felicidade, a mulher que ele tanto sonhara em conhecer, estava dando uma amostra de afeto por ele, e estava sendo totalmente espontânea pois ninguém estava vendo, somente a pessoa que mais importava: ELE.

Ele viu que ela pegou o casaco dele, que na hora de levar a amiga pra dentro, Jessy tinha esquecido ali, não por desleixo, mas por saber que ninguém pegaria, e depois ele poderia voltar ali e se vestir com ele novamente.
Ela pegou o casaco com muito carinho, e ficou passando a mão nele, como se estivesse fazendo carinho, desejando que fosse ele que estivesse ali, aquilo deixava ele cada vez mais excitado e cada vez mais sem saber o que fazer.
Foi quando sem perceber que estava andando, ele se viu muito descoberto das outras pessoas, e simplesmente uma passada de olhos, ela poderia o reconhecer, e a surpresa seria estragada.
E foi o que aconteceu, Melissa olhou pra dentro da festa e o viu ali parado olhando fixamente pra ela, mais uma vez o tempo parou, e aquela troca de olhares foi como uma bomba de Nêutrons.
Ela se levantou com o casaco dele na mão, e começaram a cair lágrimas dos seus olhos, ela jogou o casaco dele em sua direção, e nessa fração de segundos que ele levantava os braços pra segurar o casaco, ela some no meio da sala...

2 comentários:

  1. Meu Deus, cara que situação... quando comecei a lê vi tudo( Ele olhando ela, e ela para ele o casaco...) Muito perfeito!
    Parabéns!!

    ResponderExcluir
  2. Nossa menina, obrigado mesmo.Como sou eu quem imagino a situação, eu dou o máximo de detalhes pra poderem visualizar a cena.
    To ficando todo bobo aqui,rsrsrs.

    ResponderExcluir