domingo, 10 de maio de 2009

A Um Passo (25)

Depois de muito esforço, de muitas noites em claro pensando naquele momento, de tentar decorar o que iria dizer, de como iria agir, finalmente aconteceu o encontro que seria inevitável, poderia até ter demorado mais tempo do que levou, mas ele jurou pra si mesmo que não passaria daquela noite.
Era a sua grande chance de matar de vez a sua irritante e inconveniente timidez, falando com Melissa.
Tudo o que ele tinha imaginado de como seria aquele encontro, nenhuma das hipóteses seria numa boate, ainda por cima numa situação daquelas, com uma menina que ele já estava sentindo algo muito mais forte do que apenas tesão, Pri estava tomando um lugar bem grande nos pensamentos dele, se não fosse por aquele perfume, aqueles cabelos, aquela alma, aquela mulher em forma de sonho...

Parou de pensar e resolveu agir, ela continuava de costas pra ele e compenetrada no show, as luzes fortes, o som alto, não podia pensar em falar nada, pois ninguém se fazia ouvir ali se não estivesse berrando, e isso não era uma maneira de se começar uma história, não queria passar como louco ou coisa parecida.
Andou pra frente de Melissa, que não tirava os olhos das colegas e não tinha nem o percebido ali, parado a menos de um passo de se encostarem, e mais uma vez pode provar daquele olhar vazio e misterioso que ela tinha, aquilo sempre o fazia estremecer, desde o dia em que um raio a fez levar um susto e olhar pros seus olhos assustada.

Chegou mais perto, a ponto de se encostarem as mãos, Melissa levou um susto e fez um movimento como se fosse empurrá-lo, quando deu um passo pra trás pra pegar impulso, abriu os olhos do ódio que estava sentindo naquela hora, pois pensava que era mais um cliente que não sabia respeitar uma mulher.
Quando Melissa viu quem era, parou no meio do caminho e ficou paralisada, seus olhares novamente se encontraram, e souberam que ainda estremeciam na frente um do outro.

Se aquele momento tivesse uma trilha sonora escrita, a música que mais combinaria, seria a música suave e doce do silêncio, o mais breve, profundo e denso silêncio.
Silêncio que se pode tocar, de uma noite solitária onde você pode chorar olhando a Lua, que ninguém vai saber, um momento só seu.
Silêncio que se pode provar, como um primeiro beijo apaixonado, que se pode ouvir a respiração ofegante e os batimentos de um coração feliz.
Filipe sabia muito bem o que era aquilo, era mais uma vez a paixão querendo deixar de ser apenas um sentimento rápido, intenso e pouco duradouro.
Sabia que de alguma forma estranha, ele amava de verdade aquela mulher...

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