O médico então lhe conta detalhadamente o que tinha acontecido, pra ver se aquele homem que estava ali deitado lembrava de alguma coisa.
Disse que ele estava parado no meio da rua num temporal, e que fora atropelado por um ônibus, mas pra sorte dele chamaram o socorro e eles chegaram rapidamente até ele.
O médico lhe disse que pensaram que ele era um suicida, e que ele ficaria sobre observação durante alguns dias, e depois faria uma avaliação psicológica, pra saber se estava tudo bem com ele, fora essa amnésia.
Ele ficou ali ouvindo aquilo tudo como se fosse um pesadelo, que a qualquer hora ele fosse acordar e nada daquilo teria acontecido.
Mas ele estava mesmo na vida real, e nada daquilo era mentira.
O médico então lhe passou a sua mochila com seus pertences, ele pegou-a e colocou em cima da barriga, ele não estava com cabeça pra fazer nada racional naquele momento.
Então o médico se retirou e o deixou sozinho, sozinho era modo de dizer, pois ali naquele grande hospital público, ninguém nunca tinha um pingo de privacidade.
Várias pessoas gemendo de dor, crianças chorando, pessoas inválidas sujas com suas reclamações exaltadas, e as enfermeiras com cara de que aquilo ali tudo não passava de brincadeira de criança, já era um ambiente normal para elas.
Ele então perguntou a uma das enfermeiras a quanto tempo ele estava ali, ela leu num papel que estava na beira de sua cama e lhe disse:
"Nossa, você é o rapaz do atropelamento! Todo mundo aqui do hospital comenta de você, Deus deve gostar e muito de você!"
Ela deu uma risada pra ele, logo a mais séria das enfermeiras, e aquilo lhe deu um ânimo maior, afinal de contas ele sempre gostava que as pessoas sorrissem pra ele, mas ele raramente fazia o mesmo.
Então ele deu um sorriso e quase caiu na gargalhada, mas a dor que ele sentia no peito era muito grande, ele logo concluiu que devia ser por causa do impacto.
E depois a enfermeira lhe disse:
"Você está aqui a uma semana menino"
Aquilo pra ele foi um choque, mas ele se sentiu muito grato pelo esforço que os médicos devem ter feito para salvá-lo, e agradeceu isso falando pra aquela enfermeira, que parecia ser uma daquelas mãezonas severas, mas cheia de amor no coração.
Então ela veio pra perto do rosto dele, se inclinou e deu um beijo carinhoso em sua testa, depois fez um afago em seus cabelos, e disse:
"Dorme meu anjo, deixa eu guardar essa mochila aqui"
E então ele começou a se lembrar de fragmentos de sua infância, mas a única certeza que ele teve naquele momento, era que ele nunca tinha visto o rosto de sua mãe...
O importante é saber que valeu a pena.
Há 14 anos
esse capitulo 5 ja ta maternal...muito bom!
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