quinta-feira, 14 de maio de 2009

O que vem fácil, vai fácil...(29)

Aquela voz o fez sentir novamente a alegria que tinha perdido na sua busca por Melissa, foi se levantando devagar como que estivesse em câmera lenta, queria aproveitar aquele momento por mais tempo que conseguisse prolongar.
Começou a sentir o perfume dela, percebeu que Melissa estava chorando e dando pequenos soluços bem ali atrás dele, se virou e a encontrou toda encharcada, com a maquiagem leve totalmente borrada, os cabelos molhados jogados pela frente de seu rosto triste e totalmente arrasado.
Quando ela viu que Filipe tinha um corte em seu braço, ficou muito triste e se sentiu culpada por aquilo ter acontecido, pois achava que tinha se machucado quando caiu em cima dos cacos de vidro dos copos que caíram da mesa.

Ele a pegou pelo braço e foram andando até um banco que tinha perto dali, estava totalmente sujo de sangue e da lama do chão, mas ela não se importava com aquilo, sabia que tinha feito aquilo tudo apenas para achá-la, e ninguém nunca tinha feito isso antes, se arriscar à uma caçada de madrugada pra ter um encontro.
Fez Melissa se sentar primeiro e antes passou a mão no banco, pra poder tirar as folhas molhadas que estavam nele, sentou-se logo depois ao lado dela.
Não queria dar chance pro azar e foi logo falando:
--Olha, eu não te conheço nem um pouco, a não ser saber seu nome, e que você fez uma coisa contra mim do qual se arrependeu sinceramente, sou grato por você ter me salvo naquele dia, tantas coisas aconteceram depois que eu nem consigo saber por onde começar.
Melissa pegou um pequeno lenço rosa que tirou de dentro de sua calça, e foi enrolando no corte de seu braço pra poder fechar e não deixar exposto ao tempo.
Filipe sentiu uma sensação de alívio muito grande com aquilo, além de estar sendo cuidado com muito carinho por ela, percebia que era feita de carne e osso, de sentimentos, e que não se tratava de uma qualquer que dança em boates, pensou em perguntar-lhe várias coisas, mas não conseguia elaborar uma questão sequer.

Finalmente ela falou:
--Te peço mais uma vez perdão por tudo que lhe fiz passar, não era a minha intenção, mas eu estava passando por um momento muito difícil e a minha única saída foi aquela, e como nunca tinha feito aquilo, apesar de todo mundo já me julgar antes de me conhecer, não tive coragem pra deixar eles te machucarem.
Ela parou de falar de repente e olhou pro chão, pegou uma das folhas e ficou arrancando pedacinhos dela, como se fosse uma criança se distraindo.
--Não foi somente por eu nunca ter feito aquilo que fiquei arrependida, senti em você uma pureza que não sentia em ninguém, aquela hora em que joguei o celular longe era pra você ter ido atrás de mim, pois eu não estava sendo vigiada,e ia te explicar o motivo de estar ali.
Tudo que tinha acontecido naquele dia estava começando a fazer sentido, conforme Melissa falava, as nuvens negras da dúvida se dissipavam cada vez mais.
--Eu estava chorando de desespero, eu não tinha outra saída.

Depois que terminou de falar tudo para ele, houve um pequeno silêncio de ambas as partes.
Então ela continuou:
--Quando te vi naquela festa com outra menina dormindo no seu colo, meu mundo tinha desabado, pois eu nunca havia sentido nada assim por alguém, ainda mais por uma pessoa desconhecida.
--Somos dois então menina.
--E eu não quero atrapalhar o relacionamento de ninguém, não quero destruir o que vocês tem, não nasci pra isso, só fico com muita raiva de sempre me apaixonar pela pessoa errada, e mais uma vez isso acontece.
Filipe então a puxou e a beijou com muito desejo, os segundos viraram horas, e seus sentidos pareciam estar adormecidos, seus corpos entraram em profundo torpor.
Aconteceu o tão esperado beijo, e foi apenas o início de uma jornada rumo ao desconhecido, cheio de incerteza, alegria, tristeza, surpresas e choros, tudo que é fácil vai embora fácil...

Um comentário:

  1. Ah, que lindo!
    Estou com medo da última frase " tudo que é fácil vai embora fácil.. "
    Menino, preciso saber o resto, ok?
    Você continua escrevendo super bem e a história não para de ser interessante e me matar de curiosidade!
    Beijos

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